Urbe que se diz com origem em civilizações um tanto remotas, tais como a Árabe e a Romana, e ao que parece outras mais, evidentemente que ficou com as marcas desses mesmos povos que por cá passaram, seus costumes e património cultural, como também de tantas outras peças integrantes dos meios que então dispunham, a atestá-lo ainda hoje se podem observar, aqui um açude, acolá uma ponte, no Tejo uma muralha, e por todo o seu tecido geofísico abundantes legados da sua arte e engenho, em especial na área agro hidráulica em que foram pioneiros.
Achados arqueológicos comprovantes da actividade que desenvolveram também existem, mas como não somos versados em tal matéria, que sejam os entendidos no assunto a descreve-los. Enfim, o tempo na sua eterna caminhada para o infinito; ditou, fez aparecer, criou, desenvolveu e devolveu; vidas, gerações, civilizações, patrimónios e até pequenos impérios, naturalmente sempre envolvidos em acesa disputa pela sua própria sobrevivência, dominando hoje e sucumbindo no dia seguinte. Altos e baixos, naturalmente sempre recheados mais de sofrimentos que de alegrias, evidentemente que não se poderão excluir de um tal cenário de confrontar para sobreviver.
Foi deste modo que aqui chegámos, onde nos encontramos e cuja lei da continuidade temos obrigação de conhecer e confrontar, não só com tiradas de desenvolvimentos filosóficos, ainda que de fino recorte, mas muito em particular com acções concretas, organizadas e inteligentes, no projecto e no terreno, recorrendo ás ferramentas de que hoje dispomos e que os nossos antepassados não possuíam. Ao mesmo tempo corajosas e em termos de não confundirem o fundamental com o decorativo, porque este só é bem recebido quando o primeiro está presente e se isso acontece com quantos tem a fatia de pão garantida obviamente que não é extensível a tantos outros encurralados entre os parcos recursos da Freguesia e a necessidade de com eles satisfazerem as suas carências básicas. Evidentemente que tais pressupostos decorativos para assegurarem a nossa sobrevivência como povo milenário contam tanto como um prato de tremoços para o sustento de um exército faminto, embora que se possam mostrar interessantes e até cheirando a altruísmo.
Será ainda necessário referir que esse confronto só poderá ser conseguido com um esforço colectivo, organizado e inteligente entre quantos tem condições para tal?
Enfim nós Mourisquenses temo-nos debatido nos últimos tempos com alguns choques de ideias e intenções em que perante a necessidade de confrontar a crua realidade da situação que temos se tem optado por uns tantos desvios que alimentem a imagem da Procissão que vai no Adro, mas que são afinal puras simulações de uma fórmula que não existe.
Entretanto com a mais que evidente insustentabilidade de tal situação, Mouriscas está a digerir todo um processo de reencaminhar o seu futuro para um horizonte de há muito desejado e prometido mas continuadamente adiado e desconhecido.
Oxalá seja isso uma bênção do Padroeiro a confirmar-se na Rota do Seu Destino.
B. Sério