Comentário ao "post" Tema do mês de Maio
Conterrâneos,
Temos um número considerável de Associações na nossa terra, mas algumas precisam de uma maior dinâmica. Havendo lugar para todas as que existem, quiçá para outras que possam surgir, não deixa de ser estranho a existência de dois clubes de futebol e duas cooperativas olivícolas. Já foi escrito neste Blogue, por mais de uma vez e por mais de uma pessoa, que estas duas situações deveriam desaparecer e passar pela fusão pura e simples. As Mouriscas ficariam a ganhar! De outro modo teremos lagares e clubes de futebol dos e para os "mourisquenses pequeninos". Que os dirigentes envolvidos tenham vontade e audácia para começar a falar.
Cumprimentos,
Patrício Silva
Comentário ao "post" SUCESSOS DE “ MOURISCAS EM DISCUSSÃO”
Gostei do artigo pela sua simplicidade e objectividade Trata-se de uma análise sucinta , mas elementar, que não fere absolutamente ninguém, É deste tipo de linguagem e discurso que os mourisquenses precisam, muito mais do que a "partidarite" tanto usada por alguns que dizem defender a nossa terra. Venham mais artigos deste género, unificador, e parabéns ao autor!
Cumprimentos,
Patrício Silva
No dia 11 de Abril de 2009, em Mouriscas, mais concretamente no Ginásio do Antigo Colégio Infante de Sagres, agora Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes, realizou-se um encontro de Mourisquenses, organizado pelo grupo de reflexão “Mouriscas em Movimento”. Esta escola foi o espaço (emblemático) escolhido para se falar do que foi, do que é e um pouco do que poderá vir a ser a nossa terra, enquanto Aldeia Rural do interior do País, “terra de charneira situada entre 3 províncias (BEIRA BAIXA, ALTO ALENTEJO E RIBATEJO)”, como se disse numa das intervenções.
Para já, o que nos impomos fazer é não cruzar os braços e pedir às pessoas de Mouriscas que façam o mesmo e que venham, cada vez mais, a colaborar com o nosso Movimento, de uma maneira desenvolvimentista e empreendedora, para “qualificar” Mouriscas e os Mourisquenses.
Queríamos agradecer, publicamente, o comportamento cívico e intervencionista das cerca de 80 pessoas presentes no evento, entre as quais os representantes de algumas das principais associações e instituições da aldeia; algumas destas pessoas ficaram surpreendidas com o número de presenças neste evento, acrescentando que se poderia tirar dividendos da discussão. Falou-se ainda de como seria o próximo passo, porque temos de reflectir e informar sobre o estado da Aldeia, até porque não se tratou de uma simples conversa de café.
O mais interessante neste tipo de encontros é que as pessoas têm a oportunidade de reflectir sobre os problemas comuns e podem manifestar-se livremente sobre os mesmos.
Temos de aproveitar as possibilidades que a globalização nos dá e saber aproveitá-las em nosso proveito, porque senão seremos conduzidos e consumidos por ela.
Assim, foi com enorme prazer que ouvimos falar sobre Mouriscas. Eis algumas das frases emblemáticas proferidas por alguns dos presentes:
PASSADO
“...Na escola de ferroviários, universidade dos caminhos-de-ferro”
“...Boa preparação educativa que se dava na formação escolar em Mouriscas...”
“...As várias Cerâmicas como mini-indústrias no Verão...”
“...Oficinas de espartaria onde as mulheres trabalhavam...”
“...Comércio e transporte de produtos agrícolas”
“... As famílias grandes eram ricas porque todos trabalhavam...”
“... Duas indústrias pirotécnicas...”
“... Corte dos matos pelos roçadores...”
PRESENTE
FACTORES DE POTENCIALIDADE
“... Uma excelente Biodiversidade natural em Mouriscas...”
“... Boa relação de proximidade com o Rio Tejo...”
“... A existência da Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes (EPDRA), sedeada em Mouriscas, como uma das melhores estruturas que podemos encontrar na Europa para potenciar o desenvolvimento rural...”
FACTORES DE FRAGILIDADE
“...Dispersão da freguesia...”
“...Reduzida capacidade de cooperação...”
“...Fraca dinâmica associativa...”
“...A existência de esgotos a correr para a Rua....”
FUTURO
OPORTUNIDADES/PROJECTOS
“...união de associações Num projecto global, integrado e sustentado...”
“... Aposta de lançamento no investimento do futuro no sector agrícola”
“... Projectar sempre mais MOURISCAS”
“... Procurar uma qualificação profissional pessoal para os habitantes jovens...”
“Para se poder empregar e fixar pessoas na terra e criar novas dinâmicas...”
“... Inverter Inércia Social em geral...”
E muito mais...
Mouriscas, cada vez mais um local Bom para SE viver...
Quando há cerca de dois meses me convidaram a participar nesta iniciativa, não hesitei um segundo: na medida do possível aqui estaria neste dia, para dar o meu contributo para que esta terra que me viu nascer, não caísse no esquecimento.
E durante estes dois meses, muitos foram os que me alertaram para a eventualidade de, no espírito dos organizadores desta reunião, estarem interesses político-partidários ou tão apenas fins para destruir outras iniciativas que felizmente existem e que têm, penso eu, como única finalidade não deixar morrer a memória desta nossa terra.
Garantiram-me que nada disso estava no espírito dos organizadores: e por isso aqui estou, dentro da medida do possível a dar o meu contributo.
Todavia, estes “avisos” fizeram-me lembrar outros tempos: os tempos em que os cá de cima eram rivais dos lá de baixo (ou vice-versa) como se a freguesia não fosse só uma e todos não fossemos conterrâneos. Hoje em dia essa ideia de rivalidade julgo estar esbatida ao máximo, não obstante continuar a haver dois campos de futebol…
Pediram-me para recordar o passado: o passado vivido nas férias grandes quando passava aqui os meses de Verão, assistia às então famosas festas da Junta de Freguesia no largo do Espírito Santo que me viu nascer, sem esquecer o ano que frequentei este mesmo Colégio Infante de Sagres, e onde desemburrei para fazer o exame da 4ª classe e a admissão ao Liceu. Seria injusto da minha parte não recordar o quanto me ajudaram a levar a bom porto essa dupla missão, o saudoso professor Matias Lopes Raposo e a não menos saudosa D. Maria Amélia, sua esposa.
Aliás, o professor Raposo foi o grande responsável pela primeira vaga de profissionais dos Caminhos-de-ferro, nascidos
Depois dessa avalancha de funcionários da CP, de naturais desta nossa terra, veio uma outra: a dos professores de instrução primária (hoje ensino básico). Foi com algumas destas gerações que me cruzei, neste colégio, aquando da preparação para os exames da 4ª classe e admissão aos liceus. Entretanto os filhos dos ferroviários e de outros Mourisquenses, sonharam mais alto e conseguiram atingir os canudos universitários nas mais diversas áreas. Há registos desses ilustres em sítios especiais da Internet.
Mas voltemos aos tempos das minhas férias grandes em Mouriscas…
Estávamos então no final da década de 40…e no álbum de boas recordações figuravam já as jornadas pelo Meirão para caçar alguns passaritos, ou para ver meu avô fazendo farinha na velha azenha que nunca mais visitei. Ou as excursões que fiz nas minas vizinhas dessa mesma ribeira, procurando um minério chamado galena com que meu primo, um bom par de anos mais velho, construía una aparelhos onde se ouviam as estações de rádio mais potentes. Bons tempos, Manuel Dias…
Mas, nessa altura, o zénite do interesse e da expectativa pelo menos minha, eram as Festas no Largo do Espírito Santo. De dois em dois anos, digo eu hoje, as festas eram pretexto para se estrear um fato. Que no dia seguinte se mostrava infestado de pó, pois alcatrão era coisa rara nos caminhos desta terra. A luz eléctrica era produzida por um gerador alugado, que não raro se avariava e deixava tudo às escuras. Mas tudo se resolvia…sem atropelos nem protestos…
A finalidade destas Festas de Verão era, está bom de ver, angariar fundos para a Junta de Freguesia: duas figuras, entre muitas, davam o seu esforço para se conseguir, no fim das festas, ficar com um saldo positivo: o Dr. João Gualberto Santana Maia e o Presidente da Junta de Freguesia, Francisco Lourenço Grossinho. Só de pensar que todos os anos os dois percorriam toda a freguesia à frente da banda de música cumprindo o peditório tradicional, pode-se ficar com a ideia do sacrifício que durante anos e anos essas duas figuras fizeram em prol desta terra.
Mas houve um ano em que alguém se lembrou de contratar para os serões dos dias de festa, artistas da Rádio que de Televisão nem se ouvia falar. Certamente que se discutiu muito sobre a rentabilidade desses contratos: certo que os nomes grandes da canção trariam muita gente de fora a Mouriscas…mas o seu “cachet” deveria ser exorbitante. Mas ao fim e ao cabo ficou-se de saber quanto seriam esses “cachets” e se valeria a pena fazer esses contratos.
Estou a imaginar quantas noites passou sem dormir o bom do então presidente da Junta, Francisco Grossinho, só de imaginar que as festas dariam prejuízo pela primeira vez…
Não sei ao certo, nem nunca soube, qual era o valor dessa despesa. Só me recordo que se inventou uma outra fonte de receita, para além da do dancing e das barracas de bebidas: inventou-se o “recinto reservado”, naturalmente pago, e onde se construíram umas mesas de madeira onde as pessoas se podiam sentar e melhor apreciar os artistas de cada noite. Mas, por haver mesas…haveria também se possibilitar os utentes dessas mesas com bebidas e alguns acepipes. Nasceu outra fonte de receita que o Francisco Grossinho aplaudiu, esfregando as mãos de contente!
E se até essa altura o momento grande desses serões eram o Fogo de artificio dos pirotécnicos desta terra, a verdade é que a vinda dos artistas constituiu um chamariz que ninguém imaginava ser possível. Nessas noites, o Largo do Espírito Santo era um mar de gente, como alguns, como eu, ainda hoje recordam com saudade.
E houve outra invenção para aumentar as receitas:
Até ali, os cartazes anunciadores das festas, com o programa, eram grandes folhas que se colavam nas paredes e nas montras dos estabelecimentos. No ano de 1964, para além desses programas fizeram-se outros, uns livrinhos de 48 páginas, com o programa detalhado e o historial tanto da terra como das industrias locais e…com publicidade de todos ou quase todos os estabelecimentos de Mouriscas. Nesse de 1964 contei nada mais, nada menos do que 93 anúncios.
Artistas que vieram a Mouriscas?
Vou tentar recordar todos, embora julgue que é tarefa impossível:
Maria de Lurdes Resende
Eugenia Lima
Maria de Fátima Bravo
Anita Guerreiro
Mimi Gaspar
Simone de Oliveira
Gina Maria
Alice Amaro
Maria Candal
Marina Neves
Zelinda Isabel
Lina Maria
Maria Cândida
Leonia Mendes
Cidaliza do Carmo
Estela Alves
Maria Fernanda Soares
Maria Helena Silva
Maria Eduarda
Cândida Viana
Fernanda Paula
Helena Moreira Viana
Fernanda Guerra
Rui de Mascarenhas
Tristão da Silva
Luís Piçarra
Max
Tomé de Barros Queirós
Manuel Fernandes
Artur Ribeiro
Loubet Bravo
Carlos Nascimento
Humberto de Castro
Heldes António
Silva Tavares
Miguel Simões
Carlos Lacerda
João Viegas
Fernando Ribeiro
Vitorino Matono
Carlos Areias
Jerónimo Bragança
João Aleixo
Raul Nery
José Nunes
Júlio Gomes
Yola e Paulo
Adoracion e José Luís
Pilarim Santana
Rancho Tá Mar da Nazaré
Orquestra Típica Albicastrense
Paulo Alexandre
Luísa Neves
Milá Talaia
Isabel Azevedo
Carlos Votorino
José Manuel Cunha
Carlos Garcia
Vítor Espadinha
Tó Zé Brito
As Doce…
E ainda, durante pelo menos 2 anos, todo o elenco artístico da boite Ritz Clube, por influencia directa do Mourisquense Leonel Albino Baptista, então chefe da esquadra da PSP da Praça da Alegria.
Esses os bons tempos que me recordam de Mouriscas. Hoje não há mais festas daquelas até porque, nestes tempos, é muito mais difícil organizar eventos destes.
Mas não podemos cruzar os braços. Se houver um plano altruísta, que possa vir a ter êxito, é de avançar.
Permitam-me ainda que dedique esta minha intervenção a um dos membros mais activos do blog “Mouriscas em Movimento” e que não está presente nesta sala como deveria estar por direito próprio: o Joaquim de Matos a quem a caneta não fez doer a mão enquanto escrevia para esse sítio da internet.
Orlando Dias Agudo
“O associativismo em Mouriscas”
Participe, enviando a sua mensagem para “mouriscas.movimento@sapo.pt”
1) Depois do encontro por nós promovido no dia 11 de Abril, pretendemos continuar a ouvir os nossos conterrâneos sobre tudo aquilo que tem a ver com a nossa terra.
2) Este “blog” surgiu (há 3 anos atrás) precisamente com essa intenção. Queremos dar voz aos mourisquenses e reafirmamos que a nossa intenção não é dividir mas sim UNIR.
3) Por isso mesmo, vamos lançar mensalmente um tema para debate.
4) Reafirmamos que é importante que as mensagens que nos sejam enviadas respeitem a diversidade de opiniões. Reservamo-nos ao direito de não publicar todas aquelas que contenham linguagem excessiva ou que tenham a intenção de ofender pessoas ou instituições (a liberdade de expressão é importante, mas o respeito pelos outros também o é, obviamente).
5) Pretendemos que todos possam emitir a sua opinião sobre a melhor forma de ultrapassar o nítido retrocesso que a freguesia tem vivido nas últimas décadas. E queremos também que aqueles que ocupam cargos públicos, em que agir é fundamental, recolham ideias (nas sugestões eventualmente apresentadas) para que a nossa freguesia possa evoluir e não regredir.
6) Que a discussão seja proveitosa…
“Mouriscas em Movimento”