Afinal, quem é Mourisquense? Será que eu sou?
Quando me convidaram, no início deste ano, para fazer parte de um grupo de reflexão sobre a NOSSA FREGUESIA, aceitei participar no mesmo, sem pestanejar, porque verifiquei que as pessoas que tomaram a iniciativa não tinham quaisquer motivações políticas. Para este grupo foram convidadas pessoas de “direita” e de “esquerda”, pois o único propósito era lançar as bases para um efectivo desenvolvimento da freguesia. Para se ter uma ideia mais precisa sobre a diversidade do grupo, cinco são as décadas que assistiram ao nascimento dos diferentes elementos que o constituem. Todos têm uma prioridade em comum: MOURISCAS.
Estava e estou consciente das dificuldades com que nos deparamos. Sabia, à partida, que a estratégia política do executivo camarário não nos é favorável (quando falo na 1ª pessoa do plural, refiro-me a todos os Mourisquenses e não apenas aos membros do grupo), bem como as estratégias daqueles que nos governam nas mais altas instâncias do país – a desertificação é uma realidade inquestionável. Não esperava era uma oposição tão feroz por parte dos próprios conterrâneos, nomeadamente de algumas pessoas com responsabilidades dentro da própria freguesia.
No momento que marcou o nascimento deste grupo, decidiu-se que não se deveria entrar em questões pessoais, princípio ao qual me vou manter inteiramente fiel. Mas, tendo em conta que vivo numa DEMOCRACIA (embora isso, por aquilo que tenho verificado, custe a muita gente), NÃO SOU OBRIGADO A FICAR CEGO, SURDO E MUDO sobre a realidade actual.
Foi dito, há muito pouco tempo, por um nosso conterrâneo, que os textos publicados no nosso blog eram motivo de chacota e que divertiam muita gente. Fazendo frente a cinco pessoas que tinham opinião diferente da sua, essa mesma pessoa afirmou que era o único que estava recenseado na freguesia, logo era o único que contribuía para a mesma. Sendo assim, todos os outros deveriam estar calados.
É ignorância minha ou há mais formas de se financiar a autarquia? Será que o IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis, pago por quatro daquelas cinco pessoas) não entra nos cofres autárquicos? Será que os valores pagos pelo saneamento básico (que não existe) não entra nos mesmos cofres? Então aqueles que nasceram (como eu) e que foram criados em Mouriscas não podem opinar sobre a freguesia, só porque não exercem lá o seu direito de voto? (Convém acrescentar que estive recenseado na freguesia durante vários anos, tendo de mudar por motivos legais.)
Como não há emprego na nossa freguesia, as pessoas são obrigadas a tratar das suas vidas noutras paragens. Só que muitas destas pessoas constroem nesta freguesia as suas segundas habitações e regressam depois de reformados. Escusado será dizer que estas pessoas contribuem para que a “morte” da freguesia não seja tão rápida. Lamento afirmá-lo, mas negar isto é ignorância.
(continua)
LG
XV
Actualmente a naturalidade do cidadão local é convergente. Isto vem a propósito do caso concreto que referi anteriormente noutro capítulo quando falei na desertificação da população mourisquense, que há 60 ou 70 anos era muito superlativo em relação ao presente.
Será pois de lamentar que no tempo contemporâneo não seja talvez oportuno serem criadas condições para um povo trabalhador viver com dignidade na Terra que os viu nascer. O engrandecimento de uma nação é, e será sempre, o aproveitamento da mão-de-obra, que embora saiam divisas, ficam os monumentos que mais tarde serão o grande império, a riqueza de um País. O tempo é como uma roda que gira e sempre a girar, tantas voltas que dá ao mesmo sítio vem parar.
Mas os seus filhos, aqueles que por lá nasceram, e se por lá forem registados, já não são de cá, são de lá, por onde criaram amigos, hábitos e costumes.
A população faz o progresso, esse é irreversível. A marcha atrás é mais difícil e apenas um recurso. O tempo não volta para trás, como a saudade que todos, mas todos, sentem por algo que já passou. São apenas recordações, mas o tempo rodou e jamais voltará. Para quê recordar como foi a vida outrora?... Só etnograficamente a poderemos reviver !...
De burro a cavalo, Tenho na imaginação,
Vamos todos muito bem Que a justiça não dorme.
Agora em quatro rodas Se as balsas dessem pão
É aquilo que mais convém. Não haveria ninguém com fome.
A geração do futuro
Terá muito que contar.
E do passado distante
Já nem querem falar.
Joaquim António de Matos
Em 1956, havia 6 nogociantes de ovos em Mouriscas:
Alexandrina Cadete;
António Lopes Maia Pita;
Gertrudes Cadete;
Jacinta de Matos;
Pedro de Oliveira;
Rosária Lopes Pedra.
XIV
Como tudo nos indica, a Estrada Nacional Nº 3 teve há longos anos o seu início em Lisboa com a direcção de Vila Franca de Xira, Carregado, Santarém, Entroncamento, Mouriscas, Castelo Branco, Guarda, enfim!...
Deste modo e como nesse tempo a Tecnologia era de fracos recursos, o homem procurava encontrar alguns meios que o facilitassem em muitas tarefas no seu dia a dia. Já muito mais tarde e que ainda me lembro, foi feita a Estrada Nacional Nº 358, partindo esta de outra, Torres Novas/Tomar, que tomou a direcção Lamarosa, Santa Cita, Castelo de Bode, Martinchel, Cabeça das Mós, Mouriscas (estação C.P.) no total de
Deste modo servem pela mesma ordem Oeste-Leste e Oeste-Sul, ou com pequenas alterações.
O número de veículos pesados e sobretudo ligeiros, aumentou aos milhares por cada ano no nosso País. O progresso é irreversível e assim também as Auto-Estradas tiveram que avançar com percursos em várias direcções e longitudes... Foi assim que a A23, com grande sucesso, atravessou pelo meio a freguesia de Mouriscas, com a direcção Oeste-Leste e com os respectivos acessos. Também é de realçar que há cerca de 130 anos se construiu a linha da Beira Baixa dos Caminhos-de-ferro Portugueses, que no seu maior percurso ladeou o Rio Tejo, sendo assim nesse tempo os pioneiros a servir os transportes de pessoas e mercadorias.
Assim, continuaremos a viajar por todo o País pelas Estradas, Auto Estradas, ou Caminhos-de-ferro Portugueses!
Com muita animação e alegria e vendo na Internet Mouriscas no Seu Dia-a-Dia.
Joaquim António de Matos
Em 1956, havia 4 salsicharias em Mouriscas:
Casimiro Filipe & Filho;
João Gonçalves Pedro;
Manuel Luís Alves Tempero;
Vital Robalo.
LG
XIII
O que poderei pensar da minha Terra?! …Foi nesta freguesia que nasci no fim de Julho de 1932. Assim, devo ainda esclarecer que nasci nos dias grandes e quando o Sol começava a nascer sorridente para uma parte do Globo Terrestre.
Foi nesse dia que mais comecei a crescer e felizmente abrindo os olhos para ver o mundo, com a claridade desse Sol Divino e fecundo que nos deu toda a semente para germinar frutos e mais frutos que nos sustentam toda a vida.
O homem, pela natureza que o concebeu pode ser pequeno e ter a alma grande, como pode ter bom ou mau coração, normas que regem o seu próprio temperamento, astúcia e eficácia. Nesta freguesia também nasceram homens de grande talento, outros, talvez pela dureza e modo de vida que encontraram e sem recursos seguiram outros rumos, como teria sido o meu caso, que a cortar cabelos e convivendo com as várias camadas sociais, confesso que teria contribuído para o desenvolvimento dos meus conhecimentos, relativamente a esta freguesia de Mouriscas, onde vi com entusiasmo o grande conceito e crescimento do ensino e da arte em várias áreas, onde as pessoas de boa vontade se poderão distinguir e assim com muito brio poderemos continuar esta rubrica.
“Em Mouriscas , Ferrarias”
Só com muito brio,
Afirmarei a minha Terra.
Mouriscas no seu dia a dia
Continua com alegria,
A mostrar como dantes era.
A tradição do passado,
Que lá vai tão distante,
Quando se cantava o fado,
Era o tempo bem passado
Nesse som tão vibrante
Mouriscas alguns dias
Também se representou,
Ouvindo as melodias
No Largo das Ferrarias
A nossa Terra consagrou.
Com os grandes artistas
Nesse tempo a representar
Eram os melhores fadistas
Cantores, ou outros artistas
Com muitos aplausos e a bisar.
Joaquim António de Matos