VIÁVEL OU UTOPIA ?
V
Tentando, tal como referimos nos números anteriores, abordar aspectos concretos do desenvolvimento económico em si, vamos neste tentar explorar algumas situações que nos parecem merecer a devida atenção. Para começar, e como temos entre mãos em fase adiantada um processo de estudo de viabilidade económica e respectivo tratamento de aplicação prática, do olival intensivo entre nós, vamos tecer-lhe as considerações que se mostrem oportunas.
Sabemos, de forma mais que evidente, que os recursos que actualmente temos em olivicultura não são economicamente compensadores. É um facto concreto, não o podemos ignorar! Só a colheita e a poda custam ao proprietário o que o produto recolhido não dá. Daí que o olival de cultura intensiva não tenha surgido por acaso, mas antes como a necessidade emergente de situações, sobretudo económicas, que se iam sucedendo, e não obstante as falhas que naturalmente também tem, muitos povos dele tem tirado o necessário proveito. Sendo igualmente um facto que este tipo de olival, jovem como é, necessita, como tudo na vida, de processos de aperfeiçoamento para mais eficazmente responder às necessidades do olivicultor, esses mesmos processos se têm sucedido em termos de actualmente terem alcançado um grau relativamente satisfatório e portanto dando lugar a um recurso, que actualmente e na nossa condição sócio económica, não nos parece de desperdiçar.
Então como não nos é possível descrever nestas colunas os méritos que oferece e as contrapartidas que exige, o processo de estudo de viabilidade económica que atrás referimos, será posto à disposição de quem o desejar pelo custo apenas do papel, e a partir dele os mourisquenses que assim o entenderem poderão analisar e decidir até que ponto o assunto lhes interessa e se estarão ou não em condições de o viabilizarem em suas propriedades. Adicionalmente referimos ainda que algumas diligências estão a ser efectuadas para a implantação entre nós de alguns destes olivais em termos de projecto-piloto. De qualquer forma entendemos que se trata de uma oportunidade a não desperdiçar e da qual, se devidamente aproveitada, é de esperar o sustento de umas tantas famílias, o que em si já é alguma coisa.
Entretanto desejando referir algo mais sobre o assunto nos próximos números, observamos que o aproveitamento destes recursos olivícolas, que naturalmente se irão associar a outros mais ou menos ligados a estes, juntamente com outros melhoramentos desenvolvidos entre nós, como por exemplo, uns bons quilómetros de via pública alcatroada e requalificada, a ampliação e melhoramento do mercado semanal, o projecto de ampliação da ACATIM, a ampliação e requalificação do desportivo “Os Esparteiros”, etc., são em si já um processo de desenvolvimento económico em curso embora de forma mais ou menos directa, que a ser seguido por outros será muito significativo na direcção de uma dimensão mais alargada e contemplando áreas mais vastas, que entendemos possível e desejável se suficientes conterrâneos e amigos colaborarem também. E, acentue-se, acrescido do eco daqueles que connosco estão levantando a sua voz acordando o adormecido problema das insuficiências por nós próprios criadas e agora avultadamente instaladas no nosso património material e imaterial
B. Sério
V
Actualmente, a comercialização de produtos essenciais vai abastecendo o mercado local ou regional para o consumo diário da população, embora um pouco alheia à qualidade dos mesmos.
De algumas décadas para cá, a produção agrícola local reduziu cerca de 80 %, o que é lamentável; mesmo assim se considera, porém, um modo de vida regular dos seus habitantes.
Mouriscas organiza cerca de sete festejos anuais: começando em Janeiro com as festas religiosas em honra ao seu Padroeiro – São Sebastião; - fim de Maio, ao Divino Espírito Santo, em Ferrarias; - fim de Junho, em honra à Nossa Senhora de Fátima,
No próximo capítulo falaremos de todas as Associações, em “Mouriscas no seu dia-a-dia”.
Joaquim António de Matos
VIÁVEL OU UTOPIA?
I V
O desenvolver dos artigos que sobre o assunto temos escrito trouxe ao de cima um pequeno (?) pormenor que merece um pouco de atenção da parte do grosso dos Mourisquenses, ou pelo menos, da parte daqueles que entendam que alguma coisa não vai bem, isto levou-nos a interpor o presente artigo em resultado da situação decorrente.
Mais ou menos o seguinte - Sendo a nossa terra uma Urbe em que muitos dos seus cidadãos, tiveram a oportunidade, a sorte ou a necessidade, de fazer a sua vida nos mais diversos recantos do País e fora dele, é bastante evidente que o contacto com essas sociedades em que se inseriram, a sua vivência no seio das mesmas, o acesso com frequência a um padrão de conhecimentos, de cultura e de vida, elevado ou razoável, lhes pôs muito a descoberto um elevado contraste entre os dois “mundos” em que vivem e em que viveram, ou a que ascenderam e ao que ficou pelo caminho percorrido.
Naturalmente as situações que tornaram possível uma tal ascensão foram as mais diversas – trabalho e determinação intensos e constantes, inteligência, argúcia, sorte, apoio familiar, etc. etc., e evidentemente que não nos move qualquer espécie de despeito por tal, bem pelo contrário, pelo que expressamos os nossos desejos que se sintam todos felizes e bem em qualquer parte onde estejam, inclusive em Mouriscas e com os seus concidadãos. Também não desejamos interferir – nem tão pouco isso nos seria permitido – na sua maneira de ser e de estar na vida, mas com a devida modéstia e respeito observamos, que talvez da sua parte um pouco de atenção, compreensão, aproximação, cooperação e ajuda, neste processo de reencontro colectivo que estamos esboçando seja particularmente oportuno no relançar da situação desfavorecida em que caímos, e que até poderia ser a sua também se na sua carreira profissional/social tivessem sido mal sucedidos.
Numa palavra, não adiantamos muito em dissertar, isto assim, aquilo assado, aqueloutro frito e cozido. Se há um processo de recuperação em curso quem mais poderá fazer alguma coisa pela situação não serão certamente os nossos pais ou avós, com as suas insuficiências e limitações diversificadas, ou os mais açoitados pelos caprichos do destino.
B. Sério
Com alguma regularidade, temos recebido mensagens do nosso conterrâneo A. M. S. Louro. Num desses textos, o mesmo defendeu a criação de uma “Terceira Via”, ou seja, a criação de entidades que pudessem contribuir para o desenvolvimento da freguesia, contribuindo para que pudesse existir uma convergência de esforços dos mourisquenses («A tal TERCEIRA VIA que defendo passa pela criação de diversas Associações de cariz económico, social, cultural e desportivo e outras que englobem todos os lugares da Freguesia, logo com a participação de todos os que estiverem interessados em aderir a cada Associação», dixit).
Fala-nos também sobre uma certa “divisão” da freguesia: «E quando digo que se deve cortar com o passado isso significa que se deve aproveitar e preservar aquilo que é/foi válido... e pôr de lado aquilo que nos dividiu.». Obviamente que antigamente faria mais sentido falar-se em “Mouriscas de Cima” e “Mouriscas de Baixo” (expressões que eu ouvia enquanto criança), pois os meios de transporte não ajudavam a ultrapassar, eficazmente, as “barreiras geográficas”.
Com a melhoria das vias de comunicação e também dos meios de transporte, tal “divisão” já não faz sentido
Há que unir e não dividir (como o fizeram, por exemplo, há poucos anos, alguns membros do Grupo Etnográfico – alguns deles motivados por caprichos pessoais). Numa localidade com menos de 2000 habitantes não faz sentido a existência de tantas associações desportivas e culturais como as que existem no presente. Dado o enquadramento sócio-económico actual, não me parece fazer sentido, por exemplo, a existência de dois clubes com futebol sénior (agravando-se ainda mais o problema, pela ausência de apostas noutras modalidades e, sobretudo, pela ausência de actividades desportivas e/ou culturais para os mais jovens).
De uma vez por todos convém tomar consciência do seguinte: a existência de várias colectividades (algumas delas com objectivos idênticos) numa freguesia tão pequena, dá ideia da inexistência de estratégia; como todos sabemos, muitas destas associações culturais e desportivas necessitam de subsídios para poderem sobreviver; tantos “pedidos de ajuda”, como existem actualmente, transmitem essa ideia (a quem se pede) de pouca cultura estratégica e de falta de esforço colectivo. Como tal, perdem-se subsídios. E, mais cedo ou mais tarde, algumas delas acabarão por “morrer”.
Fazem sentido, na minha modesta opinião, as palavras do Sr. A. M. S. Louro. Julgo que se torna, então, inevitável que “um dia” todos se sentem à mesma mesa, para que se possam discutir estes e outros assuntos. Seria um acto inteligente, com certeza…
L.G.
VIÁVEL OU UTOPIA ?
III
Situado o problema do desenvolvimento económico em termos realistas, como o temos vindo a tentar fazer, e tendo em conta que a magna civilização ocidental que nos tem oferecido uma situação social privilegiada, tudo indica estar para além do seu vértice, como resultado de tributos e vencimentos sem contrapartida produtiva equivalente e da competividade que lhes é posta por povos mais endurecidos e menos exigentes, será então bastante razoável que comecemos por nos contentar com algo mais acessível que os modernos complexos industriais e a um tempo aproveitando o que se consiga cá por casa e evitando habituarmo-nos a grandes voos cada vez mais susceptíveis de caírem por t erra.
Então, exactamente de acordo com esses princípios, nós pensamos que algo de viável poderá ser alcançado através das condições já referidas e no próximo número tentaremos debruçarmo-nos sobre esse algo e tecer-lhe as considerações tidas por oportunas como um ponto de partida para o processo de confronto económico que acreditamos viável e não utópico.
Poderá ser muito pouco e de pouco alcance, mas se for acompanhado de mais algumas acções positivas, e seguido por mais uns tantos conterrâneos receptivos a participarem neste processo colectivo, aquilo que chamamos hoje ponto de partida amanhã poderá estar multiplicado por 10 ou mais. É mais que evidente que ninguém sozinho conseguirá muito neste domínio a menos que se trate de algum magnata da finança.
E não será isto já alguma coisa? Nada será mais? E o entusiasmo e ânimo elevado que daí resultarão não valerá outro tanto ou mais?
Então mãos à obra amigos! Pessimismo às urtigas! Mouriscas precisa de nós, saibamos dizer presente!
B. Sério